As superstições fazem parte da história da Humanidade desde os princípios do tempo e algumas são praticamente transversais a todas as eras, culturas e religiões. É o caso dos espelhos quebrados, dos gatos pretos e, sobretudo, da maldição do número 13. Esta última é mesmo, provavelmente, a mais comum de todas as superstições.
Mas, afinal de contas, o que há de tão desafortunado acerca do número 13? A verdade é que, só nos Estados Unidos da América, estima-se que cerca de 10 por cento da população teme este número.
Aliás, este é um receio tão comum que existe mesmo uma palavra para designar esta condição médica: paraskevidekatriafobia, ou seja, o medo da sexta-feira 13. Essa estranha palavra deriva do grego, combinando Paraskeví (ou seja, sexta-feira), com dekatreís (o número treze).
Isso faz com que, anualmente, a paraskevidekatriafobia tenha um impacto de cerca de 800 milhões de dólares na economia norte-americana, em pessoas que evitam casar-se, viajar ou até mesmo trabalhar nesse dia. Mas será que existem razões para tamanho medo? Ou tudo não passa de uma mera superstição, sem qualquer base científica?
É claro que, como todas as superstições, também esta tem como base a crença. Mas, no que diz respeito ao jogo, talvez haja um fundo de verdade. Afinal de contas, já dizem os espanhóis que “yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”.
No Euromilhões e em outras lotarias, este medo pode vir a levar a grandes perdas, visto que os apostadores evitam este número, apesar de ter as mesmas probabilidades de sair do que qualquer outro.
A origem da ‘maldição do número 13’
A génese da ‘maldição’ do número 13 é quase ancestral e remonta ao Antigo Egipto. No entanto, esta é uma construção inteiramente ocidental, já que nos povos e culturas asiáticas isso não acontece. Aí, é principalmente o número 4 que é evitado, especialmente quando se trata de questões relacionadas com o jogo e com a arte.
Por exemplo, enquanto que nos Estados Unidos e em muitos países europeus, os hotéis ou os aviões evitam ter o 13º andar ou a 13ª fila, de forma a incluir até os mais supersticiosos, na Ásia isso acontece com o número 4.
Ninguém sabe ao certo de como é que tudo começou, mas a verdade é que, tal como o 13 é visto como um número a evitar, por sua vez o 12 é tido como um número perfeito. Aliás, este aparece ao longo da história associado a virtudes e competências: os 12 crismas, os 12 meses do ano, os 12 trabalhos de Hércules ou as 12 tribos de Israel.
Da mesma forma, o 13 tem uma longa fama de má sorte. A mais conhecida será provavelmente a que rodeia Jesus Cristo e os seus apóstolos.
Na última ceia, eram 13 pessoas à mesa, sendo que o 13º, Judas Iscariotes, acabou por trair e condenar Jesus à cruz. Desde então, os católicos evitam refeições com 13 pessoas. Mas não só. Foi precisamente numa sexta-feira 13 que os Templários foram presos, torturados e presos a mando do Reis Luís IV, na França, por exemplo.
A maldição do número 13 nos jogos de azar
Tendo em conta este passado e este legado, não admira que muitas pessoas evitem o 13 quando jogam na lotaria ou em outros jogos de azar.
E a verdade é que, olhando para as estatísticas, esse até é um dos números que menos sai nas lotarias mundiais. Por exemplo, se combinarmos todas as combinações extraídas nos sorteios da lotaria do Euromilhões, do Brasil, da Austrália, da Inglaterra, da Irlanda, de Espanha, do Canadá e da Alemanha, os mais azarados são o 5, o 8, o 15, o 21, o 26 e… o 13.
Por sua vez, aqueles que saem mais frequentemente são o 23, 27, 32, 33, 38 e 40.
Quer isto dizer que deve evitar apostar no número 13? Sim e não. Se, por um lado, é verdade que o 13 tem um histórico de sair mais raramente, por outro lado sabemos que a lei das probabilidades indica que todos os algarismos têm exatamente a mesma probabilidade de serem extraídos.
Por isso, tendo em conta que as extrações tendem a alcançar o equilíbrio no infinito, isso significa que o 13 até deverá ser um dos algarismos mais comuns no futuro.
Além disso, como existem claramente menos apostadores a jogar no número 13, isso significa que se este for um dos números premiados, provavelmente haverá menos vencedores com quem dividir o prémio.
Assim, apostar no número 13 pode ser um truque para o Euromilhões vantajoso, já que os benefícios são claramente superiores aos contras. No entanto, o bom-senso e a ciência garantem-nos que, com toda a segurança, não existem melhores ou piores números nos jogos de azar. É como diz a sabedoria popular: tudo depende de um puro golpe de sorte!
